A doença pilonidlal foi inicialmente descrita pro Abraham Wendell Anderson (1804-1876) por volta de 1847.
É uma doença que acomete 25/100.000 habitantes e é mais comum na faixa etária entre os 17 e 30 anos de idade, embora não seja incomum observarmos pacientes com idade acima dos 35 anos com a doença e acomete ambos os sexos, sendo mais freqüente em homens, na proporção de 2 homens para 1 mulher.
Na época da segunda guerra mundial foi observado um aumento do número de casos nos soldados americanos, e foi atribuído aos longos períodos que os mesmos ficavam sentandos nos jeeps viajando, o que ocasionava inflamação na região.
È uma doença que não cicatriza se não for tratada de maneira adequada e pode recidivar.
ETIOLOGIA:
O cisto pilonidal se desenvolve na região terminal da coluna vertebral, na região sacrococcígea, no ínicio do sulco interglúteo. ( sulco que separa as duas nádegas ) é formado por uma bolsa revestida por células epiteliais que contém pelos, fragmentos de pele, glândulas sebáceas e sudoríparas em seu interior. O acumulo desse material no cisto pode ocasionar uma reação inflamatória, com infecção local, acumulando pus e gerando uma abscesso.

Existem duas teorias principais para o desenvolvimento do cisto pilonidal.
A teoria congênita, onde existiria desde o nascimento um cisto subuctaneo, resultado da ausência de fechamento do ectoderma primitivo.
A teoria adquirida, é a mais aceita e consiste que lesões repetidas por microtraumas ou fricção constante, na região coccigea, façam com que os pelos soltos atravessem a pele e se alojem na camada subcutânea e a presença desse corpo estranho gera uma reação inflamatória local.
Outra possibilidade é que alterações hormonais e nas glândulas sebáceas, associadas a certas condições adversas, favorecem a manifestação de foliculite (inflamação do folículo piloso), que se rompe no tecido subcutâneo, dando lugar à formação de um abscesso pilonidal extremamente doloroso. Em geral, a bactéria responsável pela infecção é o Staphylococcus aureus,.
Resta, ainda, a hipótese de que a origem da inflamação esteja no que chamamos de pelos encravados,que ficam por “debaixo” da pele, na camada subcutânea, ocasionando uma inflamação local.
FATORES DE RISCO
Os principais fatores de risco são:
– traumas repetidos na região
-Higiene inadequada
-Obesidade
– Roupas muito justas
-Excesso de pelos
-Permanecer muito tempo sentado ou esportes que traumatizam a região ( ciclismo, equitação por exemplo)
SINTOMAS
Os sintomas variam a depender da gravidade da doença.
Em alguns casos são assintomáticos, onde há o cisto mas o paciente não apresenta sintomas.
Nos casos de inflamação ou infecção , a fase aguda, pode ocorrer:
-tumoração local
-vermelhidão
-dor intensa
-saída de secreção, pus ou sangue,
-raramente causa febre.
Quando não tratado pode evoluir para as formas Crônicas com várias crises inflamatórias e surgimento de vários pontos de drenagem ( orifícios ) atraves da pele, gerando os granulomas.
DIAGNOSTICO

O diagnostico é clínico, realizado no consultório com exame físico minuncioso e detalhado da região , associado a história clinica do paciente.
Geralmente não há necessidades de exames para o diagnóstico, mas pode ser solicitado exames de imagem como ultrassom ou ressonância magnética para melhor avaliação e planejamento cirúrgico.
TRATAMENTO
O tratamento varia de acordo com a fase da doença.
Geralmente cistos assintomáticos e que nunca causaram sintomas, podem ser acompanhados e preferencialmente com manutenção da região livre de pelos.
O objetivo do tratamento cirúrgico é o controle da infecção, com cicatrização mais rápida possível, com menor morbidade, retorno precoce as atividades diárias e baixo risco de recidiva
Nos casos de infecção, a drenagem cirúrgica é necessária e por vezes, realizada em caráter de urgência, podendo ser feita com anestesia local, e sendo necessário a associação de antibióticos. Após a resolução do quadro agudo (drenagem) há o surgimento da fístula pilonidal com saída constante de secreção, sendo indicado tratamento cirúrgico eletivo.
Existem várias opções cirúrgicas, e não existe consenso na literatura, sobre qual melhor procedimento cirúrgico, pois não existe nenhum tratamento que seja 100 % efetivo.
Dentre as técnicas cirúrgicas, a mais comum é a abertura completa do cisto com limpeza do trajeto e “destelhamento” da ferida, deixando a ferida aberta para cicatrização por segunda intenção (feridas que vão cicatrizar de maneira lenta e sem pontos de sutura). Esse tipo de cirurgia requer curativos diários, tempo de cicatrização mais longo, é mais dolorosa dificultando o retorno precoce as atividades laborais. Algumas variações dessa técnica, realizam fechamento parcial da ferida, fechamento completo ( maior risco de recidiva) ou rotação de retalhos cutâneos.
As cirurgias minimanente invasivas para cisto pilonidal , são o EPSit, que consiste na introdução de fistuloscópio pelo trajeto do cisto, que tem na sua extremidade uma câmera acoplada e com isso permite a visualização do cisto, sua limpeza e cauterização; a Pilonodotomia a laser, utiliza o laser de diodo com comprimento de onda 1470 é também uma opção minimante invasiva para o tratamento da doença pilonidal, é feita uma limpeza criteriosa do trajeto, seguida da introdução da sonda laser para ablação (cauterização) do trajeto, sendo necessário a confecção de alguns pits (pequenos orifícios) no trajeto do cisto para aplicação do laser.
Os procedimentos minimamente invasivos, permitem uma recuperação mais rápida, praticamente indolor e com bons resultados, em casos selecionados. Ainda são necessário estudos prospectivos e randomizados, comparando as técnicas minimamente invasivas às convencionais.

Após o tratamento alguns cuidados são primordiais para evitar a recidiva da doença:
- Não permaneça muito tempo sentado.
- Procure manter o peso ideal para sua estatura e idade;
- Mantenha a região sempre limpa e livre de umidade ou suor;
- Evite vestir roupas íntimas de tecido sintético.
- Depile a região especialmente se seus pelos forem mais espessos e encaracolados e se possível utilize um método de depilação definitiva.
O importante é sempre conversar com seu médico, para avaliar qual melhor tratamento para o seu caso.
Fonte:
– Pilonidal sinus disease, Journal of Visceral Surgery, 2013-09-01, Volume 150, Edição 4, Páginas 237-247, Copyright © 2013 Elsevier Masson SAS
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